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Debate sobre fim da privacidade ressurge no Reino Unido, o ‘Estado Big Brother’

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LONDRES (AFP) — Uma polêmica deflagrada na Grã-Bretanha após a revelação, nesta semana, da escuta em um deputado no momento em que se encontrava na prisão com um suspeito de terrorismo, relançou o debate sobre os rumos de um Estado sob vigilância no estilo “Big Brother”.

Desde os atentados do 11 de Setembro, nos Estados Unidos, a multiplicação das medidas de segurança alimentou as preocupações sobre o volume de informações coletadas pelas autoridades e sua capacidade de protegê-las.

A revelação, no início da semana, de uma escuta no deputado trabalhista Sadiq Khan por parte da polícia antiterrorista, quando ele visitava Babar Ahmad na prisão, suspeito de terrorismo e alvo de um pedido de extradição dos EUA, reavivou o debate.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, prometeu uma rápida investigação, destacando, contudo, que a vigilância é “necessária para defender nossa segurança, manter nossa liberdade e, em alguns casos, salvar vidas”.

Pôr uma escuta nos parlamentares não é formalmente ilegal, mas as autoridades se abstêm de fazê-lo, por tradição, desde 1966, de acordo com a “doutrina Wilson”, ditada pelo ex-premier Harold Wilson.

Na quarta-feira, Nick Clegg, chefe do Partido Liberal, segundo partido da oposição, acusou Gordon Brown de fazer dos britânicos “a população mais espionada do planeta”. O primeiro-ministro rebateu, afirmando que as pessoas estavam mais “tranqüilas” com a presença de câmeras de circuito interno de TV (CCTV).

Hoje, a Grã-Bretanha é vigiada 24 horas por 4,2 milhões de CCTVs, ou seja, uma câmera a cada 14 habitantes, a proporção mais alta do planeta. Algumas têm até alto-falante para chamar a atenção de quem estiver fazendo o que não devia.

“Trabalhamos para proteger as liberdades dos cidadãos”, disse Brown aos deputados, anunciando um estudo sobre “a eventual possibilidade” de usar como prova em processos as informações coletadas pela interceptação das comunicações, como e-mail e telefone.

“Autorizar os grampos telefônicos como prova é lógico e preferível a medidas antiterroristas, como o período excessivo de detenção sem acusações, que dá uma vitória de propaganda aos extremistas”, alegou a Liberty, organização de defesa das liberdades civis.

Além disso, em julho passado, Brown já havia anunciado a generalização de vistos e passaportes biométricos em 2008 e o registro eletrônico de cada passageiro que entra e que sai do território.

Os projetos do governo também dizem respeito, diretamente, aos britânicos: cada habitante deverá ter, pela primeira vez, uma carteira de identidade biométrica, em 2009, e as autoridades pretendem ampliar seus arquivos de DNA.

Este arquivo já é, hoje, o mais expressivo do mundo, com o DNA de 5,2% da população, cerca de 4 milhões de pessoas, compilado. Desde 2004, o perfil do DNA de qualquer pessoa presa na Inglaterra e no País de Gales (salvo infrações menores), declarado culpado, ou não, é conservado.

A perda recente de uma série de dados sensíveis de milhões de britânicos, utilizados pela Receita, polícia e Exército, e seu possível vazamento estão longe, porém, de tranqüilizar a população, cada vez mais vigiada.

Origem: http://afp.google.com/article/ALeqM5hnOcLFdIwCfmzraGMmdbHNVik9Nw

Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV

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