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Internautas usam site para dar zoom em banhistas

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Um site permite ao surfista conferir, em tempo real, a condição de
praias no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Contudo,
muitos internautas utilizam as câmeras instaladas pelo portal e-surf,
com nitidez acima da média e capazes de girar 360°, para observar as
banhistas. 

Qualquer usuário pode, ao acessar o site, girar a câmera, alterar seu ângulo e acionar seu potente zoom por períodos que variam de 30 segundos a 3 minutos e meio, depende da fila online. Quando o tempo acaba, o internauta passa a ver o que o próximo usuário quer enxergar. E todas as imagens podem ser salvas no computador.


As câmeras do e-surf fiscalizam praias de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio, onde miram para o mar, e quem nele se banha, da Barra da Tijuca, Saquarema e Itacoatiara, em Niterói, freqüentado por surfistas e jovens.


Os freqüentadores, que quase não notavam a câmera, agora regulam até a forma de pegar um bronze. "É um atrevimento. Já vi darem closes nos seios e no bumbum de colegas minhas. Às vezes ficam até 10 minutos parados só vendo partes íntimas!", critica a estudante de Jornalismo Raquel Couto, 25 anos.


Amiga de Raquel, a arquiteta Mariana Levoratto, 28 anos, também não esconde a revolta. "Há anos a gente vem aqui para relaxar, descansar, mas agora essa câmera maldita só nos deixa tensas, estressadas", reclama.


O estudante de Educação Física Breno Faro, 26 anos, e sua namorada, a gerente de loja Suzana Palácios, 27 anos, também criticam o sistema. "Além de ser uma invasão de privacidade, não sabemos o que as pessoas fazem com as imagens capturadas. E se cair nas mãos de um tarado?", questiona Suzana.


"O ideal seria colocarem a câmera fixa, mostrando só as ondas e parte do céu. Isso já bastaria para orientar os surfistas", sugere Breno, que também pega onda. Mas há quem enxergue vantagens no sistema. "Para mim está ótimo. Com medo de serem flagrados, viciados em drogas estão evitando a praia", diz o aposentado Julião Ferraz Gumercindo, 53 anos.


Professor: acesso livre viola a Constituição

Marcos Tadeu von Lutzow Vidal, professor de Engenharia de Telecomunicações da UFF e especialista em segurança de redes de computadores, considera "irresponsável" a forma de monitoramento de câmeras sem limites pela Internet. "Esse sistema representa perigo e dano real às pessoas. Estupradores, assaltantes ou seqüestradores podem passar dias observando a rotina de vítimas. Elas também podem acabar parando em filminhos pornôs", alerta.


Para Marcos Tadeu, o site e-surf pode ser responsabilizado judicialmente por qualquer uso indevido de imagens. "Está na Constituição. A intimidade das pessoas é inviolável", justifica. É o que fará um advogado de 36 anos que teve uma surpresa desagradável. "Vou processar esse site. Vi minha mulher, que tomava sol em Itacoatiara, sendo monitorada por uma pessoa que só pode ser um desequilibrado mental, pois ele ficou vários minutos focalizando a parte de baixo do biquíni dela", conta, revoltado.


Origem: http://emsergipe.globo.com/

 

Marcelo Peres

Editor do Guia do CFTV


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