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Os desafios de mercado da IPTV no Brasil

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8 de Maio de 2008 – Nos últimos 15 anos temos assistido à revolução digital da internet. Amazon, Google, Skype e Hotmail são algumas das empresas desta nova economia digital, que revolucionaram a forma como nos comunicamos e compramos bens e serviços. Em 2005, Chad Hurley e Steve Chen lançaram o YouTube, iniciando uma onda mundial, onde internautas podem publicar vídeos, sobre qualquer tema, sem compromisso com qualidade, mercado ou censura. A isto se dá o nome de Internet Television ou simplesmente vídeo na internet.

A IPTV, ao contrário, é representada por um conjunto de programas que hoje são distribuídos pelas operadoras de TV a cabo ou satélite, os quais vêem na internet, ou melhor, na rede IP, mais um meio para distribuição de sua programação. Este mercado, segundo Gary Schultz, analista do Multimedia Research Group, deverá chegar a US$ 50 milhões e 500 mil assinantes até 2010.

A chegada da IPTV no Brasil tem sido discreta, mas acompanhada de acaloradas discussões entre as empresas de telecom (telcos) e operadoras de TV por assinatura. As telcos desejam oferecer canais de TV para seus assinantes, operadores de TV por assinatura contra-atacam com serviço digital de voz. Com a chegada do 3G (internet de alta velocidade em redes IP), as telcos poderão finalmente oferecer streaming de vídeo, para competir com a banda larga das TVs por assinatura.

O Brasil terminou janeiro de 2008 com 122,8 milhões de celulares, o que representa uma densidade de 64,5 celulares por 100 habitantes. A TV por assinatura, por sua vez, somando-se todos os seus modos de distribuição (DTH, TV a cabo, MMDS e UHF), atingiu uma base total de 5,349 milhões de assinantes no final de 2007. Uma densidade de 2,81 assinantes por 100 habitantes. Um cenário competitivo desigual, caso as telcos comecem a entregar programas de TV no celular.

Para além das discussões de mercado está o fenômeno da convergência digital, fundamentado na rede IP: hoje, praticamente todas as mídias estão digitalizadas. Devido a esta convergência, o “triple-play” (dados, voz e TV) é possível.

Segundo Phill Robinson, da CacheLogic, empresa de streaming de vídeo e redes “peer to peer” (P2P): “Toda a internet de hoje opera entre 1 e 10 terabytes. Assim, precisaríamos quadruplicar a capacidade da web para atender a um só programa de TV. Esta questão aponta para a necessidade de uma nova infra-estrutura, que muito provavelmente será P2P. Nesta arquitetura, computadores em uma rede IP agem tanto como receptores de vídeo e áudio como distribuidores.

No Brasil, a TV Cultura e a TV Globo já disponibilizaram seus conteúdos na web. Três questões, entretanto, precisam ser endereçadas quando “migramos” programação televisiva para internet.

A primeira é relacionada à tecnologia de transmissão de dados. Para assistir ao vídeo e áudio de qualidade, é necessário o uso de banda larga. O universo de usuários de banda larga no Brasil é pequeno, aproximadamente 7,1 milhões de internautas, e seu crescimento tem sido pífio em relação aos outros países. Isto porque seu valor está muito além do poder de compra do brasileiro. Segundo a TelComp, o Mbps oferecido em Manaus é 395 vezes mais caro do que a mesma velocidade disponibilizada no Japão e na Time Warner, nos Estados Unidos, onde o preço é de R$ 12,75.

A segunda está relacionada à interatividade. A televisão aberta é um meio de comunicação de massa, passivo, linear, não interativo. A IPTV permite interatividade e colaboração, algo muito mais próximo dos “games”.

Finalmente, a IPTV representa um novo modelo de negócios on-line e mídia interativa. Em estudo recente publicado pela Accenture – “Online Advertising – The Future is Now”-, 50% das empresas entrevistadas declararam que a mídia on-line deverá ser o modelo predominante dos próximos cinco anos (comparado com 38% em 2006).

A Piper Jaffray Investment Research estima que o total global de receitas de mídia on-line deverá atingir US$ 81,1 bilhões em 2011. Somente o mercado norte-americano vai responder por US$ 42 bilhões deste montante.

Com a chegada de novas tecnologias de compressão, tais como o MPEG-4, a interatividade será possível ao nível das imagens em movimento.

A IPTV ainda está no começo, muito ainda precisa ser feito, mas não há dúvida de que o futuro é digital.

kicker: As telcos desejam oferecer canais de TV; as TVs pagas contra-atacam
(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 3) RICARDO MURER* – Especialista em produtos digitais e mídias interativas e CEO da SOFTV)

Origem: Gazeta Mercantil

Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV

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