1º Fórum de Segurança ABESE reforça necessidade de integração e capacitação para o setor de Segurança Eletrônica

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O evento reuniu representantes de diversas áreas do mercado de segurança na Assembleia Legislativa para consolidar uma nova agenda de prioridades para o setor

Uma nova agenda reuniu representantes da Polícia Civil, Federal e Militar, Metrô de São Paulo, do Fórum Brasileiro de IOT, além de especialistas em segurança das principais universidades do Brasil para debater caminhos e modelos de trabalho integrados capazes de tornar cidades mais inteligentes e seguras. O diagnóstico dos especialistas acendeu um alerta para necessidade de investimentos em formação, integração e treinamento.

O 1º Fórum de Segurança ABESE contou com a presença do Deputado Estadual, Delegado Olim, Presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que enfatizou que a integração das tecnologias deve inspirar a colaboração entre o setor público e privado. “Eu sou a favor da Polícia Cívil e a iniciativa privada andando juntas para garantir a segurança, isso é o mais importante e quem sai ganhando é o cidadão. Posso afirmar que a segurança pública é uma preocupação muito forte na Assembleia Legislativa”, disse. O delegado contou ainda com o apoio do também Deputado, Carlão Pignatari, que afirmou acreditar muito na tecnologia da informação como ferramenta de segurança pública.

Para o Coronel PM Alexander Gomes Bento, comandante do Comando de Policiamento de Área Metropolitana 5 (CPAM-5), o trabalho humano pode ganhar com o uso da tecnologia. “As pessoas são importantes para a segurança pública, até mesmo para em projetos de vizinhança solidária, mas a tecnologia veio para oferecer apoio na operação”. O Secretário Municipal de Segurança Urbana de São Paulo, José Roberto Rodrigues de Oliveira, complementou: “a tecnologia não veio substituir a operação humana, mas otimizá-la e tem feito isso. Nós conseguimos ter mais olhos espalhados pela cidade”. O secretário ainda ressaltou a necessidade de investimentos em plataformas em nuvem que agreguem as câmeras espalhadas pelas cidades.

A Comandante Geral da Guarda Civil Metropolitana, Elza Paulina de Souza, também ressaltou que a segurança é o denominador comum entre todas as instituições presentes. “Quando se fala em segurança não se pode falar de apenas uma instituição. É preciso objetivar os mesmos resultados e quando estivermos todos, enquanto sociedade, conectados em um mesmo objetivo a possibilidade de chegarmos ao êxito será muito grande”.

O representante da ABESE, Josue Paes, finalizou a mesa de abertura celebrando a possibilidade de reunir gestores de segurança para a elaboração de uma nova agenda. “Acredito que ao término desse encontro poderemos dar um próximo passo e explorar um pouco mais a questão da segurança na cidade de São Paulo pelo viés acadêmico e científico”.

A nova segurança será integrada

O painel sobre Governança na Segurança Pública e Privada contou com a presença de representantes de diferentes esferas que trabalham juntas no Programa Abese São Paulo Inteligente – que visa a conscientização dos gestores de grandes empreendimentos em ampliar seus planos de segurança da porta para fora e já está em uso no entorno do Hospital das Clínicas e do Shopping Eldorado, em São Paulo. Para Nelson Júnior, Membro do Conselho de Segurança Inteligente da Abese, o programa exemplifica uma nova visão sobre a segurança como bem comum.

Os participantes do debate – Tenente Coronel da Polícia Militar Larry de Almeida Saraiva, Comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar de SP; Coronel Telmo Ferreira, comandante do CPA/M-1; Jorge Luiz, Delegado da Polícia Federal; Rita Peres, Coordenadora de Segurança Patrimonial Corporativa do Hospital das Clínicas; e Antônio Carlos Nunes; representante do Metrô de São Paulo; – concordaram que a nova agenda de segurança passa necessariamente pela integração de tecnologia e de pessoas.

“Buscamos poder ter a tecnologia de uma forma presente e transparente no dia-a-dia das pessoas. Nos últimos anos, a Polícia Militar tem desenvolvido tecnologia, contamos com um centro de operações (COPOM) e sistemas como o Detecta que diminuíram o tempo de resposta às ocorrências e a criação de redes de proteção. Assim, os conceitos de cidades inteligentes e sociedade 5.0 representam qualidade de vida, sustentabilidade e inclusão, com isso em mente, buscamos permear as nossas ações utilizando a tecnologia como um meio de alcançar nossos objetivos”, declarou o Comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar.

O comandante do CPA/M-1 e também professor universitário, Coronel Telmo Ferreira, exaltou a presença das Universidades no evento e conceituou os desafios da segurança. “A violência urbana é um fenômeno social. Nós temos problemas complexos que exigem soluções complexas, por isso a importância da Academia, da Tecnologia e da Sociedade Inteligente, e a integração entre estes pontos. Tecnologia sem compartilhamento e pronta resposta, a integração não pode ficar na teoria e para o futuro é preciso capacitar profissionais, inclusive o policial.

Nesse sentido, Jorge Luiz, Delegado da Polícia Federal, elaborou que a governança de segurança pública não pode fugir da integração entre tecnologia, comunidade e setor privado para sair vitoriosa. E para Rita Peres, do HC, a palavra de ordem para a segurança é a integração – que é a protagonista do sistema de monitoramento para fora dos muros do Hospital, que contribui com o videomonitoramento do entorno com o Programa Abese São Paulo Inteligente.

Universidades: o celeiro das soluções de segurança pública

O segundo painel do dia tratou sobre o papel das instituições de ensino para a governança de segurança e contou com a presença da Professora do departamento de antropologia da USP,  Ana Lúcia Pastore; a Professora da Unicamp, Susana Durão; Flávio Ainbinder, da Laureate Brasil; Leandro Luiz de Oliveira, da UFSC; Armando Nascimento, da UFPE; e Gabriel Antonio Marão, Presidente do Fórum Brasileiro de IoT.

O posicionamento dos participantes explicitou a importância no investimento na produção científica nacional que parte das universidades e a socialização do conhecimento para todo o setor de segurança. “Eu vejo como fundamental o papel das universidades, especialmente públicas e gratuitas, no acompanhamento deste tema tão complexo que é a segurança pública. As instituições devem ser grandes laboratórios e, para o futuro, precisaremos de profissionais transdisciplinares, especialistas, e não vejo como isso será possível sem o investimento massivo em educação tanto quanto em viaturas e novos armamentos”, comentou Ana Pastore.

Sobre a realidade da segurança, a professora do departamento de antropologia da Unicamp, Susana Durão, afirmou que não há mais dúvidas que o modelo de segurança atual é misto. “O modelo de segurança não é mais unitário e não tem mais um canal preferencial. Logicamente, a tecnologia é uma parte deste processo e é preciso lembrar que os principais conceitos com os quais o setor opera hoje, como Governança de Segurança, Policiamento Plural, Sistemas Mistos, provém de pesquisas de sociólogos e antropólogos de Universidades de excelência, que criam conceitos que sobrevivem ao tempo e que geram diagnósticos para agir”.

Para Leandro Luis, da Universidade Federal de Santa Catarina, as instituições de ensino são celeiros de tecnologia e esse aprendizado deve ser socializado. “Muito se falou em integração e esta é a palavra-chave. Os pilares que levam à governança são os agentes, os procedimentos e as boas práticas. Penso e reafirmo, não há mais espaço para amadorismo na segurança e, por isso, é preciso socializar o conhecimento adquirido”, apontou.

Flávio Ainbinder, da Laureate Brasil, provocou os participantes afirmando que tecnologia é inevitável, já acontece e não há como evitar – mas, o sistema depende de profissionais bem preparados. “Nenhuma tecnologia sobrevive sem processos, política, procedimento e pessoas bem capacitadas. Minha preocupação é com treinamento, não há mais espaço para ‘achismos na segurança’, mas continuam surgindo especialistas que não estão aptos para discutir segurança pública ou privada. Hoje, eu vejo uma deficiência muito grande em profissionais da área de segurança e acredito que precisamos da academia para preparar verdadeiros executivos da segurança”.

De forma prática, a presença do professor da UFPE, Armando Nascimento, mostrou que é possível unir a universidade e os agentes de segurança. “Eu apresentei uma proposta de pós-graduação para a polícia e hoje 25 delegados da Polícia Federal de todo Brasil estão escrevendo a dissertação no mestrado profissional de engenharia de produção voltado à análise de risco e gestão de segurança pública. Este setor exige conhecimento e estamos fazendo isso na Universidade Federal de Pernambuco”, celebrou.

Para finalizar o encontro, o Presidente do Fórum Brasileiro de IoT refletiu que o ser humano atua nos limites da tecnologia, onde ela sozinha não é o suficiente e, por isso, a necessária formação. “Hoje, temos a consciência de que a tecnologia é uma ferramenta e que mesmo a inteligência artificial aprende somente aquilo que ensinamos, por isso o cuidado na formação dos agentes por trás dos sistemas. Não podemos achar que a tecnologia vai resolver todos os problemas autonomamente”, considerou.

Origem: Revista Digital Security10

Sirlei Madruga de Oliveira

sirlei@guiadocftv.com.br

Guia do CFTV

 

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