Em funcionamento desde maio, o sistema de cercamento eletrônico dos portais de segurança evidenciou o aumento de perseguições policiais na cidade. Se por um lado as ações resultam em mais apreensões de veículos roubados e prisões de criminosos , por outro expõem a população a confrontos em áreas urbanas. O mais trágico, no dia 31, envolvendo policiais do Niterói Presente e criminosos, terminou com a morte de um inocente que trabalhava no Plaza, o vendedor Thiago da Conceição Marins, de 31 anos, e de um assaltante. Na segunda-feira passada, numa outra troca de tiros iniciada após alerta do sistema de cercamento, dessa vez no Fonseca, um policial do programa foi baleado.

Com os portais de segurança monitorados 24 horas pelo Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), veículos suspeitos que passarem por uma das 70 câmeras são rastreados e identificados em questão de segundos; a inteligência artificial mostra quando se trata de um carro roubado ou clonado. Neste momento, os agentes acionam e repassam as coordenadas à polícia — do 12º BPM (Niterói) e do Niterói Presente — e, assim, é iniciada uma perseguição. Os resultados dessa integração, de recuperar bens e prender marginais, vêm sendo divulgados por prefeitura e PM.

Na avaliação de Ozéas Lopes Filho, doutor em Direito e Sociologia e professor de processo penal no curso de Direito da UFF, entretanto, o cercamento eletrônico deve ser acompanhado de treinamento dos policiais, priorizando a inteligência e evitando confrontos.

— O cercamento é inteligente e tem tudo para dar resultado quando trabalhado com treinamento e inteligência policial, priorizando a investigação do criminoso e não levando o enfrentamento para a rua — pondera o especialista.

Redução de danos

Lopes Filho reconhece que existem os casos de flagrante, mas ressalta que é preciso pensar primeiro em redução de danos e poupar a população de estar no centro das operações:

— Há uma inversão de valores nesse combate ao crime periférico patrimonial que expõe a população aos mesmos riscos da guerra às drogas. Não há um incômodo em atirar quando o que está em jogo é patrimônio, mas o que está em jogo, de fato, são vidas. Nesse caso específico que terminou com a morte de um inocente em frente ao Plaza, temos uma câmera que mostra o policial atirando pelas costas de uma pessoa em fuga.

Comandante-geral da Operação Segurança Presente, do governo estadual, o coronel Miguel Francisco Ramos Junior destaca que ainda é preciso aguardar o resultado das investigações do caso. Ele afirma, porém, que sempre quem dá o primeiro tiro nas perseguição que culminam em confronto é o criminoso.

— Mesmo o Niterói Presente sendo um policiamento de proximidade, os agentes precisam agir quando tem um marginal correndo com arma na mão. Nesse episódio específico, que começou com uma perseguição e terminou com dois confrontos, sendo o final em frente ao Plaza, nossos agentes foram atingidos por esses elementos. O comportamento e a ação dos policiais estão sendo avaliados. Porém tratavam-se de homens armados, prontos para disparar, e poderiam ferir mais pessoas. A ação foi no sentido de neutralizar esses criminosos. Será que deveriam esperar para agir? — pergunta o oficial.

Questionada sobre os recentes episódios violentos envolvendo o Niterói Presente e sobre uma mudança de perfil do programa, que é custeado pela administração municipal, a prefeitura disse, em nota, que “a estratégia de ação dos agentes do programa Niterói Presente é de responsabilidade da Polícia Militar e do Governo do Estado”.

Comandante do 12º BPM, o coronel Sylvio Guerra garante que as abordagens feitas nessas perseguições seguem os protocolos:

— Sem dúvida, esse cerco eletrônico nos auxilia bastante com carros roubados. Para evitar colocar a população em risco, tomamos os cuidados necessários.

Origem: O Globo

Sirlei Madruga de Oliveira

sirlei@guiadocftv.com.br

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