Trump quer rever regras globais de chips e usar tecnologia dos EUA como moeda de troca
Trump avalia rever regras de exportação de chips de IA
O governo Trump está avaliando mudanças na atual regra de exportação de chips de inteligência artificial, implementada no fim da gestão Biden. A proposta visa eliminar o sistema de divisão global em três níveis de acesso, substituindo-o por acordos bilaterais entre países, conforme informações exclusivas da Reuters.
Nova abordagem foca em acordos bilaterais
Segundo fontes próximas ao processo, a ideia é adotar um regime de licenciamento baseado em negociações diretas entre governos. Essa mudança reforçaria a estratégia de política externa e comercial do presidente Donald Trump, tornando a tecnologia americana um instrumento de barganha internacional.
Regra atual entra em vigor em 15 de maio
A norma em vigor, conhecida como Estrutura para Difusão de Inteligência Artificial, foi emitida pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos em janeiro, nos últimos dias da administração Biden. Ela restringe o acesso a chips avançados de IA e certos pesos de modelos, com o objetivo de preservar a liderança tecnológica dos EUA e seus aliados, principalmente diante da concorrência chinesa. A regra entra oficialmente em vigor no próximo dia 15 de maio.
Como funciona a divisão atual de acesso
Atualmente, o mundo é dividido em três níveis de acesso aos chips dos EUA:
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Nível 1: inclui aliados estratégicos como Japão, Reino Unido e Taiwan, com acesso irrestrito;
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Nível 2: contempla cerca de 120 países com restrições moderadas à importação;
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Nível 3: classifica nações “preocupantes”, como China, Rússia e Irã, com bloqueio total de acesso.
Uso estratégico dos chips em negociações
Integrantes do governo argumentam que um modelo baseado em acordos bilaterais daria aos EUA maior controle para usar os chips como moeda de troca em negociações comerciais. Além disso, o governo estuda reduzir o limite de exceção para licenciamento: atualmente, pedidos com menos de 1.700 chips H100 da Nvidia não exigem licença, mas esse teto poderia cair para 500 unidades.
Empresas e parlamentares criticam a medida
Apesar da intenção declarada de tornar a regra “mais forte e mais simples”, a proposta enfrenta forte resistência. Empresas como Nvidia e Oracle se opõem à medida, assim como senadores republicanos que temem que países se voltem para a tecnologia chinesa em resposta às restrições americanas.
Sete senadores chegaram a enviar uma carta ao Departamento de Comércio pedindo a revogação da norma. Especialistas alertam ainda que a eliminação dos níveis pode acabar tornando o sistema mais complexo, em vez de mais eficiente.