DS Entrevista: Elton Borgonovo, presidente da Motorola Solutions do Brasil

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Executivo fala sobre como a companhia se prepara para superar os desafios do mercado e se fortalecer como líder em radiocomunicação

Líder do mercado de radiocomunicação, a Motorola Solutions participa de eventos de segurança militar, investe pesado em pesquisa e desenvolvimento e está sempre criando novos produtos para atender aos mercados nos quais a comunicação de alta qualidade é imprescindível.

Nesta entrevista, Elton Borgonovo, presidente da empresa no Brasil, falou sobre as novas tecnologias, mercado de segurança, potencial de crescimento e outros assuntos que você confere nas próximas páginas.

Digital Security: Como a Motorola Solutions está posicionada mundialmente?

Elton Borgonovo: A Motorola Solutions tem foco no fornecimento de soluções e serviços voltados para comunicação de missão crítica, aquela comunicação que não pode falhar no momento que realmente importa para os nossos clientes.

Digital Security: Como é a atuação da empresa no Brasil?

Elton Borgonovo: A atuação no Brasil é feita com base em uma estrutura de vendas diretas e indiretas. Nosso foco está principalmente no mercado de Segurança Pública e de Defesa. Temos uma atuação bastante acentuada em vendas indiretas junto aos canais e distribuidores, que atendem outros segmentos do mercado como Segurança Privada e grandes corporações.

Digital Security: Como a companhia avalia sua participação nos eventos do segmento de segurança eletrônica?

Elton Borgonovo: Participamos ativamente de alguns mercados, como o de Segurança Militar. Um desses eventos é a LAAD, o mais importante dentro do segmento de Segurança Pública e Defesa no Brasil. Temos participado sempre do evento, que é um dos principais para nós na América Latina, e nele apresentamos as nossas novas soluções e o que há de mais moderno em termos de tecnologia para comunicação de missão crítica.

Além da LAAD, a Motorola Solutions participa da APCO International, que é uma feira voltada para radiocomunicação no padrão P25, e da World Security, um dos principais encontros de tecnologia TETRA, além da IACP, a maior feira de chefes de polícia nos Estados Unidos, que tem foco tanto em comunicação como em outras soluções voltadas para segurança.

Digital Security: Como foi a participação da Motorola Solutions na LAAD Defense & Security deste ano?

Elton Borgonovo: No evento deste ano, o destaque da companhia foi o LTE Tático, um equipamento portátil que pode ser carregado dentro de uma mochila. Com ele é possível criar uma cobertura com a tecnologia LTE, uma espécie de bolha 4G em um local específico para aplicações táticas.

Em nosso estande apresentamos o conceito de Inteligência Móvel, personalizado no “Soldado do Futuro”, demonstrando, por exemplo, a transmissão de imagens em tempo real de câmeras instaladas na luneta da arma desse soldado e em um drone, além de dispositivos como o LEX L10 e Si500.

Digital Security: Os drones são a nova tendência do mercado de segurança. Como a Motorola Solutions enxerga essa tecnologia?

Elton Borgonovo: Sem dúvida é uma tendência de mercado. No entanto, estamos focando mais em drones estacionários. O objetivo é fazer com que esse equipamento envie imagens e crie uma consciência situacional de um determinado ponto, garantindo a transmissão de imagens para um centro de comando e controle. Dessa forma, quem está no comando pode orientar o policial sobre a melhor maneira de agir em cada caso.

Digital Security: Fale mais sobre os eventos que trabalham tecnologias específicas de radiocomunicação nos diferentes padrões, TETRA, P25, entre outros.

Elton Borgonovo: Existem três importantes padrões de radiocomunicação para o mercado: o P25, que rege o mercado norte-americano, o TETRA, que é o padrão europeu e o DMR, que é o padrão voltado para o mercado de consumo.

Dentro desses eventos normalmente se discute inovação de cada uma dessas tecnologias, os novos direcionamentos de mercado e quais novas funcionalidades estão sendo incorporadas. Uma das últimas tendências é a aplicação cada vez maior de transmissão de dados sobre as redes de comunicação. Nossa missão nesses eventos é trazer ao mercado as novidades e aquilo que temos desenvolvido em cada um desses protocolos.

Digital Security: Podemos destacar uma tecnologia que esteja sobressaindo dentro desses padrões?

Elton Borgonovo: Quando se fala em radiocomunicação, os três protocolos são bastante adotados e cada um tem seu mercado. No entanto, uma tecnologia que está sobressaindo e se posicionando como complemento para as redes de radiocomunicação e transmissão de dados em banda larga, o LTE, que é o 4G voltado para segurança e para as comunicações que não podem falhar. Essa é uma grande tendência e algo que vai complementar as redes de comunicação dos nossos clientes no futuro.

Digital Security: Como você enxerga a aplicação prática dessas novas tecnologias?

Elton Borgonovo: O 4G é uma tecnologia bastante recente quando se fala no uso para Segurança Pública. O governo brasileiro já regulamentou o espectro de frequência para utilizar essa solução no mercado de segurança no Brasil e esse espectro está sendo liberado com o desligamento da TV analógica. Conforme isso for acontecendo, amplia-se o espaço para a tecnologia LTE.

Nos Estados Unidos, posso citar o exemplo da FirstNet, uma rede de cobertura nacional para segurança 4G. Ou seja, lá isso já é uma realidade e estamos implementando a tecnologia em outros países também. Essa solução já foi testada no Brasil e aplicada no Rio de Janeiro durante os grandes eventos. Ela já está pronta para ser comercializada no restante do país.

Digital Security: Quais são os critérios para se criar novos equipamentos? Até onde a experiência prática conta no desenvolvimento de uma solução para o mercado?

Elton Borgonovo: Temos um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia localizado em nossa matriz, em Chicago (EUA), e lá funciona um comitê. Essas pessoas, que normalmente não são engenheiros, saem a campo junto com os nossos clientes para entender o funcionamento de uma operação. O objetivo quando vamos iniciar o desenvolvimento de uma nova tecnologia ou de um novo equipamento, dispositivo ou terminal é usar essa experiência prática para nortear nossos lançamentos. Estamos trabalhando no desenvolvimento dos produtos que já temos, mas também tentando entender quais são as demandas que ainda não são atendidas. Esse é um trabalho constante desenvolvido por um grupo focado exclusivamente nesse tipo de atividade.

Digital Security: Quais as estratégias que a Motorola Solutions pretende utilizar para manter a liderança no mercado de radiocomunicação?

Elton Borgonovo: A Motorola Solutions tem investido seguramente mais do que todos os nossos concorrentes nesse segmento. Temos hoje um faturamento global da ordem de US$ 6 bilhões e quase 10% desse valor é investido em pesquisa e desenvolvimento. A Motorola Solutions é a única empresa que fabrica todos os principais protocolos de radiocomunicação. Por isso, conseguimos levar aos nossos clientes a tecnologia correta, independente da necessidade deles, e estamos sempre investindo para levar as melhores soluções. No Brasil, inclusive, temos alguns projetos para desenvolver tecnologia para atender as necessidades específicas de nossos clientes. Um exemplo é a parceria com a Universidade de Campina Grande (Paraíba), onde estamos desenvolvendo um software e um aplicativo móvel para investigação policial com foco nas necessidades do mercado brasileiro.

Digital Security: Há uma mística nos projetos de segurança que ressalta a importância do videomonitoramento em detrimento de outras tecnologias igualmente importantes. Nesse contexto, qual a importância da comunicação nos projetos de segurança em sua opinião?

Elton Borgonovo: Quando se fala em comunicação, normalmente se associa a voz. Comunicação de voz é o que não pode falhar ou ser deixada de lado em uma ação de segurança. Não é possível imaginar um policial atuando sem armas e sem equipamentos que assegurem a comunicação.  Claro que o videomonitoramento de qualidade e com novas tecnologias é importante, mas a comunicação está por trás disso. Quando se fala em LTE ou 4G, por exemplo, o objetivo é que possamos levar vídeo em tempo real para os centros de comando e controle e também imagens de alta qualidade a campo, para o policial que tem de tomar uma decisão ou receber mais informações do Centro Operacional.

Digital Security: Quais as novas tecnologias aplicadas para missões críticas?

Elton Borgonovo: A radiocomunicação tem evoluído muito e a digitalização possibilitou uma série de outras aplicações em cima dessas redes. Inicialmente se pensava apenas em comunicação de voz e hoje já existe a tecnologia de geoposicionamento sobre os sistemas de rádio. Com isso, é possível saber com exatidão em que local está o policial ou como deslocar a viatura que está mais próxima de um determinado evento por meio desses sistemas. Além disso, é possível enviar mensagens de texto e fazer consultas a bancos de dados através dos sistemas radiocomunicação.

Fora do âmbito de segurança, em um ambiente de transporte logístico, por exemplo, é possível utilizar a radiocomunicação para deslocar de forma mais eficiente os seus recursos, melhorando rotas. Também é possível utilizar o geoposicionamento para saber com exatidão onde está um ônibus de passageiros dentro de um aeroporto, por exemplo.

Quando pensamos em soluções de banda larga para missão crítica, é possível utilizar câmeras pessoais gravando a ação de um policial ou até mesmo transmitindo imagens dessa operação em tempo real.

Além disso, cada vez mais se usam smartphones robustos e desenvolvidos para missões críticas, como o LEX L10, com aplicativos que garantem a consciência situacional para os policiais.

Digital Security: Em sua opinião o mercado de radiocomunicação para missões críticas no Brasil é bem trabalhado dentro dos projetos de segurança?

Elton Borgonovo: Sim. Existem várias iniciativas e a necessidade de atualização para se trazer mais segurança aliada a uma comunicação mais eficiente que vem sendo explorada corretamente pelos órgãos de segurança e defesa. Além disso, há inúmeras iniciativas do governo, investindo em soluções de comunicação mais eficientes ao longo de toda a nossa faixa de fronteira, seja para Defesa ou para Segurança Pública. Cada vez mais esta faz uso da radiocomunicação de forma eficiente para levar segurança para a população.

Digital Security: Fale sobre os parceiros da Motorola Solutions e como vocês trabalham com eles em termos de uma política de canais.

Elton Borgonovo: Temos três principais blocos de atuação no mercado. Existe uma equipe que trabalha os projetos mais complexos e as principais contas, onde vendemos diretamente para nossos clientes. Existe outro grupo que atua junto aos integradores de sistemas, essa é uma posição intermediária, em processos que têm complexidade e que precisamos de um canal mais especializado, então utilizamos esses integradores de sistemas. Por fim, temos uma terceira área, com vendas indiretas e mais de 200 distribuidores e revendas em todo o país.

Digital Security: Existe uma política para credenciar novos parceiros? Como ela funciona?

Elton Borgonovo: Temos uma política para credenciar novos parceiros e oferecemos treinamentos e capacitações de acordo com o que estamos buscando no mercado, inclusive com o investimento em novas verticais. Estamos sempre expandindo essa rede e focando em parcerias que possam agregar valor com as nossas soluções junto aos clientes.

Um parceiro ideal é aquele com alto nível de engenharia e capacidade de levar soluções para os nossos clientes em vez de simplesmente oferecer produtos. Temos um programa de desenvolvedores de aplicações no Brasil, onde os parceiros têm acesso a uma plataforma para desenvolver aplicações que rodam em cima de sistemas de rádio oferecendo diferentes funcionalidades para os clientes. Se imaginarmos Defesa Civil, por exemplo, contamos com parceiros fazendo monitoramento de níveis de rios e encostas utilizando o sistema de rádio. É esse tipo de parceiro que a Motorola Solutions busca cada vez mais.

Digital Security: Como essas novas parceiras têm contribuído para o crescimento da Motorola Solutions?

Elton Borgonovo: Temos cada vez mais apostado nos parceiros para levar soluções adequadas para cada tipo de mercado. Isso inclui setores como Energia, Logística, Papel e Celulose. Além disso, temos o trabalho direto da Motorola Solutions nos segmentos de Segurança Pública e Defesa, com parceiros agregando as nossas soluções. Um exemplo é o FullFace, uma aplicação de reconhecimento facial de um parceiro no Brasil que utilizamos para agregar funcionalidades e usar nosso sistema para transmissão das informações.

Digital Security: Existe algum segmento em que a Motorola Solutions enxerga maiores possibilidades de crescimento dentro do país?

Elton Borgonovo: Temos focado em diferentes áreas de atuação. Tivemos um contrato de serviços gerenciados fechado no segmento Papel e Celulose com a CMPC, uma companhia do Rio Grande do Sul, onde vamos prestar serviços de radiocomunicação durante dez anos. Na sequência deste contrato fechamos com outras quatro importantes companhias no segmento de Papel e Celulose.

Transporte e Logística é outra área que temos colocado muito foco, pois enxergamos como um vetor de crescimento graças à privatização dos aeroportos do país e o investimento em infraestrutura de transporte como metrôs e trens. A segurança privada, que está em constante crescimento, é outro setor muito importante. Para finalizar, Energia está se tornando uma vertical onde existem cada vez mais investimentos no país. Nesse setor podemos destacar a Eletropaulo como um grande cliente da Motorola Solutions.

Digital Security: Como você percebe o uso dos equipamentos vestíveis, ou wearables, como são conhecidos no mercado?

Elton Borgonovo: Sem dúvida essa é outra tendência do mercado de segurança. Nosso objetivo é criar soluções que possam facilitar o trabalho do policial. Nessa vertente temos soluções como uma câmera que grava toda a operação policial em tempo real, o Si 500. Outra inovação é o LEX L10, um dispositivo semelhante a um smartphone, robustecido para missões críticas. Ele fi ca preso no colete do policial e recebe imagens em tempo real, informações de mapas, além de rodar aplicações como o já citado FullFace. Tudo isso foi apresentado na LAAD e entra nesse segmento de equipamentos vestíveis.

Posso citar também os óculos inteligentes que levam informações em tempo real para agentes que estamos chamando de Policiais do Futuro. Essa solução é capaz de levar informações para o agente em campo sem comprometer a visão e a consciência da situação do ambiente. O próprio olho do agente movimenta uma tela, “clica” em determinados ícones, sem a necessidade de usar as mãos.

origem: http://www.revistadigitalsecurity.com.br/noticia/?view=true&artigo=23904&&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=News+DS+22%2F05%2F2017

Sirlei Madruga de Oliveira
Editora do Guia do CFTV
sirlei@guiadocftv.com.br

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