ChatGPT é ótimo em criar vírus poderosos, mas nem tanto em detectar golpes

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O Chat GPT foi colocado à prova mais uma vez, em dois testes distintos de seu uso como ferramenta a favor e contra a segurança digital. Os resultados apresentados pelos especialistas mostraram que o sistema de inteligência artificial pode ser um aliado importante do cibercrime, criando malwares ditos como “indetectáveis”, enquanto apresenta um alto índice de erro na detecção de links fraudulentos.

A primeira pesquisa foi feita pelos especialistas em segurança digital da Forcepoint. Apesar das regras do ChatGPT impedirem seu uso direto para programação de malwares, com prompts relacionados a isso sendo bloqueados, bastou um pouco de criatividade para que essa proteção fosse burlada. Aos poucos, o time foi capaz de criar vírus usando o método da esteganografia, com pragas menores escondidas em arquivos maiores.

Primeiro, foi programado um comando para localizar imagens maiores do que 5 MB em um sistema; depois, outro que possibilitasse ocultar dentro destes dados arquivos menores do que 1 MB. Por fim, um arquivo malicioso foi inserido, com baixo nível de detecção por ferramentas de cibersegurança e ampla possibilidade de uso em golpes de phishing ou downloads fraudulentos.

“Para os novos cibercriminosos, não é necessário saber codificar, apenas conhecer o processo e subverter a IA para que ela própria programe o malware”, explica Luiz Faro, diretor de engenharia de sistemas da Forcepoint na América Latina. Fazer isso, apontou, foi relativamente simples, o que leva a um aumento considerável no poder de fogo dos cibercriminosos.

ChatGPT falha na análise de links

ChatGPT apresentou alta taxa de detecção de links maliciosos, mas também errou muito ao considerar mais de metade dos sites legítimos como igualmente perigosos (Imagem: Erik Mclean/Unsplash)

Um segundo estudo, conduzido pela empresa de segurança Kaspersky, colocou à prova a capacidade da inteligência artificial de detectar links fraudulentos, um aspecto que poderia ser usado no fortalecimento de soluções de proteção. O resultado não foi dos melhores; apesar das altas taxas de detecção bem-sucedida, o ChatGPT também apresentou índice considerável de falsos positivos, em alguns casos, com mais da metade dos sites legítimos sendo identificados como perigosos.

O levantamento foi feito em um modelo gpt-3.5-turbo que já havia sido usado para criar e-mails falsos e codificar malware. Diante desse treinamento e de uma amostra de milhares de links, sendo dois mil deles perigosos, foram feitas duas perguntas à inteligência artificial: “este link leva a um site de phishing” e “é seguro acessar esse link?”. No segundo caso, principalmente, se trata de uma checagem básica, que poderia ser feita por qualquer usuário – e foi nela que o sistema apresentou maior índice de falha.

No primeiro exemplo, a taxa de detecção foi de 87,2%, enquanto 23,2% dos sites seguros foram identificados como perigosos. No segundo, porém, essa taxa de falsos positivos saltou para 64,3%, enquanto o total de proteções também aumentou para 93,8%. Mesmo o resultado mais baixo, apontou a Kaspersky, está acima dos sistemas de proteção cibernética convencionais.

Entre os falsos positivos, estavam detecções incorretas de protocolos de segurança, como considerar a presença ou não de conexões HTTPS como fator de proteção, ou dificuldades em explicar porque um determinado link foi considerado malicioso. Em outras situações, porém, o ChatGPT foi capaz de identificar corretamente até mesmo golpes sofisticados que roubam a aparência de marcas conhecidas, incluindo bancos internacionais.

Fabio Assolini, diretor da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky para a América Latina, comparou a inteligência artificial a um estagiário nesse cenário, com o sistema ainda aprendendo a lógica por trás dos ataques. “O ChatGPT mostra potencial para ajudar, mas suas análises não são verdades absolutas e os modelos de linguagem ainda têm suas limitações. A IA não irá revolucionar o cenário de cibersegurança, mas pode ser ferramenta valiosa na otimização de processos e ganho de pereformance.”

 

 

 

 

 

João Marcelo de Assis Peres

joao.marcelo@guiadocftv.com.br

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