AVTECH destaca IA própria na Secutech e defende segurança com origem transparente

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IA em segurança: mais do que desempenho, a origem importa
As câmeras de segurança modernas, equipadas com os mais recentes sistemas de vigilância por vídeo com inteligência artificial, já não se limitam a gravar e armazenar imagens. Hoje, elas analisam o ambiente, identificam atividades incomuns e reagem a ameaças em tempo real.

Diferentemente da análise de vídeo tradicional, os sistemas de segurança com IA — frequentemente integrados a softwares modernos de gerenciamento de vídeo (VMS) — funcionam como parceiros semiautônomos para as equipes humanas. Com recursos como detecção de objetos em tempo real, reconhecimento facial e análise comportamental, a IA representa um avanço significativo em precisão, velocidade e confiabilidade nas operações de segurança.

A origem da IA também importa
No entanto, não é apenas o que essas ferramentas fazem que importa. A origem dos modelos de IA está se tornando um critério cada vez mais relevante para usuários que desejam atualizar seus sistemas. Questões como segurança cibernética, conformidade e precisão — especialmente na detecção facial — entram na equação.

O impacto do investimento em P&D
Com isso, as marcas de câmeras de segurança estão alocando uma parte crescente de seus orçamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para IA. Naturalmente, empresas maiores conseguem investir mais e, assim, desenvolvem modelos mais robustos.

Por outro lado, fabricantes menores — especializados em equipamentos de nível básico e intermediário — enfrentam dificuldades para acompanhar esse ritmo. Essas empresas geralmente têm quatro caminhos possíveis:

  1. Comprar módulos OEM com IA de terceiros, normalmente de marca branca, o que limita o controle sobre a tecnologia.

  2. Licenciar kits de desenvolvimento de IA, de empresas como a chinesa Hikvision ou Dahua, com pouca transparência sobre a origem da IA.

  3. Utilizar IA de código aberto, com menos custo e riscos menores de backdoors.

  4. Desenvolver internamente, o que demanda mais investimento, mas garante maior controle.

Em geral, a origem da IA — seja em produtos de grandes corporações ou de fabricantes menores — é difícil de rastrear. Muitas empresas preferem manter essas informações como segredos comerciais.

O caso da AVTECH: investindo em IA própria
A AVTECH, empresa sediada em Taiwan, optou por desenvolver internamente as partes principais de sua IA — a chamada “Opção 4”. Embora essa escolha seja mais custosa, ela permite maior controle sobre a tecnologia usada.

“Fazemos principalmente nós mesmos, mas não 100%”, disse Alejandro Portillo, gerente de vendas da AVTECH, em entrevista à asmag.com durante a Secutech.

Para complementar esse desenvolvimento, a AVTECH colabora com parceiros confiáveis do setor público, como o Instituto de Pesquisa em Tecnologia Industrial (ITRI) e a Universidade Nacional Chiao Tung (NCTU), ambos de Taiwan. Isso permite à empresa afirmar com orgulho que oferece soluções “totalmente taiwanesas”.

Essa independência tecnológica é especialmente relevante em mercados como os Estados Unidos e a Índia, onde produtos chineses de segurança enfrentam restrições. No entanto, Portillo ressalta: “O único problema é que [os clientes] às vezes esperam produtos taiwaneses, mas com preços chineses”.

Armazenamento local como diferencial
Durante a Secutech, realizada entre 7 e 9 de maio em Taipei, a AVTECH apresentou suas principais linhas de produtos — incluindo DVRs e NVRs capazes de suportar até 64 câmeras. Esses dispositivos permitem o processamento e o armazenamento local dos dados, dispensando serviços de nuvem baseados em assinatura.

Segundo Portillo, muitos clientes consideram as assinaturas mensais caras demais. Outro diferencial importante é a compatibilidade com dispositivos legados, como câmeras analógicas antigas, o que contribui para a redução de custos.

Aplicações de IA além da segurança
A AVTECH também desenvolveu o aplicativo móvel EagleEyes, que oferece recursos de IA como detecção e reconhecimento facial, detecção humana, de veículos e leitura automática de placas.

Essas ferramentas, embora relativamente simples, são altamente úteis. “Não é só para segurança. Você também pode usar a IA para insights de negócios — por exemplo, contar o fluxo de clientes em um comércio varejista”, explicou Portillo. “Estamos buscando funções que vão além da segurança.”

Como a IA funciona na prática
As ferramentas de segurança baseadas em IA — como as oferecidas pela AVTECH e outras empresas — operam com modelos de aprendizado profundo, geralmente redes neurais convolucionais. O processo é simples: a câmera “vê” algo e a IA decide se aquilo corresponde a um rosto conhecido, por exemplo.

Esses modelos dependem de grandes volumes de dados de treinamento, que podem vir de fontes internas, terceirizadas ou públicas/de código aberto. A AVTECH combina dados internos e públicos para treinar seus modelos.

Recursos mais avançados, como detecção de quedas ou incêndios, exigem análise temporal — ou seja, o entendimento de mudanças ao longo do tempo, não apenas em um único quadro. Eles se baseiam em modelos espaço-temporais ou combinações de rastreamento de movimento e regras binárias.

Essas operações binárias — decidir “sim ou não” — estão por trás da maioria dos recursos de IA, tanto em equipamentos de entrada quanto em dispositivos de ponta.

IA de última geração: o futuro da segurança
Ferramentas de IA mais avançadas, como as que operam com “consciência de contexto” ou interfaces de comunicação por IA, estão disponíveis principalmente em equipamentos de ponta. Essas soluções são mais caras, exigem maior poder computacional e geralmente operam localmente, sem depender da nuvem.

Em cidades inteligentes, a IA contextual é capaz de interpretar dados como localização, comportamento e histórico para antecipar ameaças antes que elas sejam percebidas por humanos.

Já a comunicação com IA, presente em interfaces semelhantes a bots de chat, permite interações como: “mostre-me todos os velhos em bicicletas”. A IA entende e fornece resultados, sem a necessidade de categorizações manuais.

Compatibilidade com IA externa e o papel do hardware
Embora os dispositivos da AVTECH utilizem uma interface tradicional baseada em Linux, eles são compatíveis com VMS de terceiros que ofereçam IA com comunicação natural.

“Muitos desenvolvedores de software de busca inteligente são nossos clientes. Eles têm o software, nós temos o hardware”, explicou Portillo. Mesmo empresas totalmente baseadas em nuvem precisam, em algum momento, de parceiros de hardware.

No entanto, a AVTECH deixa claro: qualquer IA que funcione exclusivamente na nuvem não se enquadra no compromisso “Made in Taiwan” da empresa — já que depende de componentes externos.

Transparência ainda é um desafio
No fim das contas, quanto mais sofisticada for a infraestrutura de IA, mais difícil se torna entender sua origem. Esse desafio reforça a importância da transparência e do investimento em soluções desenvolvidas de forma ética e confiável.

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