Como funcionam as câmeras nos uniformes dos policiais

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Apesar de ser uma empresa com quase 30 anos de existência, a Axon começou a se popularizar no Brasil há cerca de dois anos. Responsável pelo fornecimento das câmeras corporais para entidades de segurança pública como a Polícia Militar de São Paulo, a marca se viu no meio de discussões políticas quando o assunto virou pauta nos debates para o governo.

“São 5 mil câmeras cobrindo 12 horas ininterruptamente todos os policiais. Uma moça policial vai ao banheiro e ela é filmada 12 horas seguidas. Isso é inacreditável”, chegou a dizer o então candidato Márcio França (PSB), então candidato ao governo de São Paulo, no programa Roda Viva da TV Cultura.

Até o próprio governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a dizer que “com certeza” iria retirar as bodycams dos policiais. “O que representa a câmera? É uma situação para deixar o policial em desvantagem em relação ao bandido”, alegou em entrevista à Jovem Pan, durante a campanha.

Depois de eleito, Tarcísio recuou e prometeu manter a política. “A questão das câmeras, eu fui mais crítico na campanha, agora vamos segurar. Vamos manter. Vamos ver o resultado e que ajustes a gente pode fazer”, pontuou para a CNN.

O fato é que, de acordo com uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), as também chamadas Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) reduziram em 57% o número de Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP) na área das unidades policiais que utilizam a tecnologia, na comparação com a média do período anterior antes da implantação dos equipamentos, no caso da PM paulista.

Ainda segundo a FGV, ainda foram evitadas 104 mortes e houve uma queda de 63% no total de ocorrências nos primeiros 14 meses de utilização da tecnologia.

TecMundo conversou com Arthur Bernardes, gerente de contas sênior da Axon no Brasil, que defendeu que a bodycam é uma espécie de “testemunha carregada no peito”.

“Todas as pessoas têm um celular no bolso, que de certa forma é uma câmera, e elas podem gravar a ação policial. Mas o fato é que o lado da polícia nunca é exposto. Então a câmera corporal faz exatamente isso. Ela é para dar a versão dos fatos do mais importante ator daquela interação, ou seja, mostrar a perspectiva dos eventos intensos que os policiais participam.”, ele defende.

Como funciona a câmera da PM?

PM de SP usa o modelo Axon Body 3, que é utilizado por cerca de 7 mil polícias ao redor do mundo. Ela foi adotada no projeto “Olho Vivo”, desenvolvido pela entidade de segurança paulista em 2021. A ideia era justamente oferecer garantias tanto aos agentes quanto à população.

A Axon Body 3 oferece resolução de vídeo de até 1080p, duração de bateria de até 12 horas, armazenamento de 64 GB, tem classificação IP67 (protege contra poeira e é resistente a um mergulho na água de até 1 metro de profundidade), áudio multi-mic, mapas em tempo real, LTE e mais. Em breve, a tecnologia ainda deve ganhar conexão Wi-Fi, que será utilizada em locais onde a cobertura da rede móvel for precária.

Bernardes explica que toda a configuração e parâmetros de ativação das câmeras são definidas pela instituição que contratou o serviço. No caso da PM de SP, a câmera é ligada quando o policial vai atender uma ocorrência enviada pelo Centro de Operações Policiais Militares (COPOM). A instituição também normatizou que as gravações devem ocorrer quando há abordagens com necessidade de uso de força. Todas as filmagens são classificadas e vão para outras plataformas que dão suporte ao funcionamento das câmeras.

Um dos sistemas é o Axon Evidence, uma estrutura baseada em nuvem que armazena todo o material de áudio e vídeo capturado. Sendo protegida por criptografia, a plataforma realiza um controle completo dos dados (indicando até mesmo se algum vídeo foi compartilhado sem autorização, permitindo a busca de vídeos por data, nome do policial, localidade e dezenas de outros parâmetros) e por causa disso serve como material legal em casos que são judicializados.

Também há o Axon Respond, que combina sensores para acionar as equipes de comando em situações mais delicadas, como uma troca de tiros ou perseguições, por exemplo. Com o Respond, é possível saber onde os policiais da patrulha estão e agilizar o envio de reforços.

“As câmeras são como se fossem um seguro automotivo. Você não espera bater o carro, mas se você bater, ele estará lá para te proteger. O policial não espera entrar em confronto, mas se ocorrer, ele está protegido pelas gravações”, acrescenta Bernardes quando perguntado sobre agentes de segurança que não enxergam a Axon Body 3 com “bons olhos”.

A PM de São Paulo tem, inclusive, aproveitado os vídeos capturados durante as ações e utilizado como conteúdo informativo e de entretenimento. O canal do YouTube da entidade já tem mais de 800 mil inscritos e conta com publicações com mais de 41 milhões de visualizações. Veja, abaixo, o exemplo de uma ação policial gravada pela Axon Body 3 que foi transformada em conteúdo no YouTube:

origem: https://www.tecmundo.com.br/seguranca/257370-axon-body-3-veja-funcionam-cameras-utilizadas-policiais.htm

Sirlei Madruga de Oliveira

Editora do Guia do CFTV

 sirlei@guiadocftv.com.br

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