Reconhecimento facial: o que se pode esperar dele?

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Uma das novidades do carnaval brasileiro foi além dos sambas-enredo e das marchinhas tocadas nos blocos: o reconhecimento facial ajudou a identificar suspeitos e a polícia prendeu indivíduos que já eram procurados graças a essa tecnologia. As ações aconteceram na Bahia e no Rio de Janeiro.

A Polícia Metropolitana de Londres usa uma ferramenta semelhante. Nos EUA, os departamentos de polícia do Oregon e da Florida devem instalar o reconhecimento facial em câmeras do governo em uma parceria com a Amazon (e seu Rekognition).

Além disso, a tecnologia já ajudou a encontrar um atirador por lá: foi em 2018, no caso do tiroteio no jornal Capital Gazette, de Annapolis, em Maryland. Para chegar a ele, foi usado um banco de dados com fotos do arquivo da polícia e de carteiras de motorista.

A tecnologia não é nova, mas está cada vez mais avançada. O conceito foi desenvolvido na década de 1960 por Woodrow “Woody” Bledsoe para a Panoramic Research e até hoje os preceitos são os mesmos: boa parte dos sistemas ainda aposta em imagens 2D, já que a maioria dos bancos de dados de referência têm apenas esse tipo de foto.

Ela é, portanto, uma forma de autenticação biométrica que permite confirmar uma identidade. O processo de identificação usa as medidas do formato e da estrutura facial, que são únicas para cada indivíduo. Aí começam os problemas: embora seja bastante interessante, ela pode ser controversa.

É essa a tecnologia usada no Facebook para sugerir marcações em fotos — e quem tem irmãos sabe que o sistema pode ser bastante falho na tarefa de diferenciar pessoas com características semelhantes. Isso porque informações-chave das imagens (como o tamanho e o formato de nariz, boca e olhos, bem como a distância entre diferentes pontos da face) são comparadas com um banco de dados. Há até quem tenha processado a rede social por ter sido identificado em imagens sem ser informado.

E tem mais: uma foto de frente mostra uma distância diferente do nariz aos olhos, por exemplo, de uma imagem em que a face está virada de lado. Por isso, quando se somam os ângulos e a iluminação, o reconhecimento facial pode encontrar dificuldades. Isso sem contar que existe o risco de que essa coleta de dados aponte suspeitos que sequer sabem que são investigados.

Casas, shoppings e qualquer outro lugar

Em casas inteligentes, a tecnologia pode ajudar os dispositivos a se tornarem mais independentes e enviarem notificações quando virem um desconhecido, bem como serem capazes de facilitar o acesso a familiares e amigos. Isso sem contar os robôs que já usam o sistema, como o Lovot e o cachorrinho Aibo, da Sony.

Nos shoppings, câmeras com reconhecimento facial podem ajudar a oferecer sugestões personalizadas. E a expansão dos usos não para: a Olimpíada de Tóquio 2020 será a primeira a usar o reconhecimento facial para melhorar a segurança dos participantes.

Alguns smartphones oferecem o recurso. É o caso do iPhone, do Google Pixel 3 e do Samsung Galaxy S9 e S10+. No Android, entretanto, a tecnologia ainda não é suficientemente segura (tanto que não é usada em pagamentos móveis).

Uso sem consentimento

Pior ainda, a ideia pode ser adotada em aeroportos, por exemplo, e usada sem o conhecimento e o consentimento dos frequentadores para tornar os processos mais ágeis (ou não!). E é aí que surgem os questionamentos acerca de privacidade.

Há quem se preocupe, por exemplo, com o uso exagerado para garantir o cumprimento da lei — algo como o que houve durante o nosso carnaval. Outros estão inquietos com a possibilidade de esse tipo de sistema ser usado para aprofundar preconceitos raciais. E a Electronic Frontier Foundation alerta para o fato de que os sistemas atuais de reconhecimento facial geralmente produzem muitos falsos positivos quando têm de identificar minorias.

Esses são apenas alguns dos receios associados ao reconhecimento facial. É preciso lembrar, ainda, que o governo chinês usa a tecnologia para monitorar os cidadãos e, assim, encontrar criminosos e observar o comportamento dos indivíduos — esses dados depois se transformam em um score.

Uma das novidades do carnaval brasileiro foi além dos sambas-enredo e das marchinhas tocadas nos blocos: o reconhecimento facial ajudou a identificar suspeitos e a polícia prendeu indivíduos que já eram procurados graças a essa tecnologia. As ações aconteceram na Bahia e no Rio de Janeiro.

A Polícia Metropolitana de Londres usa uma ferramenta semelhante. Nos EUA, os departamentos de polícia do Oregon e da Florida devem instalar o reconhecimento facial em câmeras do governo em uma parceria com a Amazon (e seu Rekognition).

Além disso, a tecnologia já ajudou a encontrar um atirador por lá: foi em 2018, no caso do tiroteio no jornal Capital Gazette, de Annapolis, em Maryland. Para chegar a ele, foi usado um banco de dados com fotos do arquivo da polícia e de carteiras de motorista.

A tecnologia não é nova, mas está cada vez mais avançada. O conceito foi desenvolvido na década de 1960 por Woodrow “Woody” Bledsoe para a Panoramic Research e até hoje os preceitos são os mesmos: boa parte dos sistemas ainda aposta em imagens 2D, já que a maioria dos bancos de dados de referência têm apenas esse tipo de foto.

Ela é, portanto, uma forma de autenticação biométrica que permite confirmar uma identidade. O processo de identificação usa as medidas do formato e da estrutura facial, que são únicas para cada indivíduo. Aí começam os problemas: embora seja bastante interessante, ela pode ser controversa.

É essa a tecnologia usada no Facebook para sugerir marcações em fotos — e quem tem irmãos sabe que o sistema pode ser bastante falho na tarefa de diferenciar pessoas com características semelhantes. Isso porque informações-chave das imagens (como o tamanho e o formato de nariz, boca e olhos, bem como a distância entre diferentes pontos da face) são comparadas com um banco de dados. Há até quem tenha processado a rede social por ter sido identificado em imagens sem ser informado.

E tem mais: uma foto de frente mostra uma distância diferente do nariz aos olhos, por exemplo, de uma imagem em que a face está virada de lado. Por isso, quando se somam os ângulos e a iluminação, o reconhecimento facial pode encontrar dificuldades. Isso sem contar que existe o risco de que essa coleta de dados aponte suspeitos que sequer sabem que são investigados.

Casas, shoppings e qualquer outro lugar

Em casas inteligentes, a tecnologia pode ajudar os dispositivos a se tornarem mais independentes e enviarem notificações quando virem um desconhecido, bem como serem capazes de facilitar o acesso a familiares e amigos. Isso sem contar os robôs que já usam o sistema, como o Lovot e o cachorrinho Aibo, da Sony.

Nos shoppings, câmeras com reconhecimento facial podem ajudar a oferecer sugestões personalizadas. E a expansão dos usos não para: a Olimpíada de Tóquio 2020 será a primeira a usar o reconhecimento facial para melhorar a segurança dos participantes.

Alguns smartphones oferecem o recurso. É o caso do iPhone, do Google Pixel 3 e do Samsung Galaxy S9 e S10+. No Android, entretanto, a tecnologia ainda não é suficientemente segura (tanto que não é usada em pagamentos móveis).

Uso sem consentimento

Pior ainda, a ideia pode ser adotada em aeroportos, por exemplo, e usada sem o conhecimento e o consentimento dos frequentadores para tornar os processos mais ágeis (ou não!). E é aí que surgem os questionamentos acerca de privacidade.

Há quem se preocupe, por exemplo, com o uso exagerado para garantir o cumprimento da lei — algo como o que houve durante o nosso carnaval. Outros estão inquietos com a possibilidade de esse tipo de sistema ser usado para aprofundar preconceitos raciais. E a Electronic Frontier Foundation alerta para o fato de que os sistemas atuais de reconhecimento facial geralmente produzem muitos falsos positivos quando têm de identificar minorias.

Esses são apenas alguns dos receios associados ao reconhecimento facial. É preciso lembrar, ainda, que o governo chinês usa a tecnologia para monitorar os cidadãos e, assim, encontrar criminosos e observar o comportamento dos indivíduos — esses dados depois se transformam em um score.

Origem: Jornal da Segurança
Marcelo Peres
mpperes@guiadocftv.com.br
Guia do CFTV

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